terça-feira, 10 de março de 2009

Educação ao Contrário

Um post não-original. E o segundo post dentro de um mês. What the fuck is happening to me? Too much time to be carefree.

O texto a seguir é do Olavo de Carvalho, pensador admirável. Como de costume, é um texto sobre interiorização do ser humano com uma crítica aos moldes educacionais do Brasil, totalmente excelente.

Clicando no Google a palavra “Educação” seguida da expressão “direito de todos”, encontrei 671 mil referências. Só de artigos acadêmicos a respeito, 5.120. “Educação inclusiva” dá 262 mil respostas. Experimente clicar agora “Educar-se é dever de cada um”: nenhum resultado. “Educar-se é dever de todos”: nenhum resultado. “Educar-se é dever do cidadão”: nenhum resultado.

Isso basta para explicar por que os estudantes brasileiros tiram sempre os últimos lugares nos testes internacionais. A idéia de que educar-se seja um dever jamais parece ter ocorrido às mentes iluminadas que orientam (ou desorientam) a formação (ou deformação) das mentes das nossas crianças.

Eis também a razão pela qual, quando meus filhos me perguntavam por que tinham de ir para a escola, eu só conseguia lhes responder que se não fizessem isso eu iria para a cadeia; que, portanto, deveriam submeter-se àquele ritual absurdo por amor ao seu velho pai. Jamais consegui encontrar outra justificativa. Também lhes recomendei que só se esforçassem o bastante para tirar as notas mínimas, sem perder mais tempo com aquela bobagem. Se quisessem adquirir cultura, que estudassem em casa, sob a minha orientação. Tenho oito filhos. Nenhum deles é inculto. Mas o mais erudito de todos, não por coincidência, é aquele que freqüentou escola por menos tempo.

A idéia de que a educação é um direito é uma das mais esquisitas que já passaram pela mente humana. É só a repetição obsessiva que lhe dá alguma credibilidade. Que é um direito, afinal? É uma obrigação que alguém tem para com você. Amputado da obrigação que impõe a um terceiro, o direito não tem substância nenhuma. É como dizer que as crianças têm direito à alimentação sem que ninguém tenha a obrigação de alimentá-las. A palavra “direito” é apenas um modo eufemístico de designar a obrigação dos outros.

Os outros, no caso, são as pessoas e instituições nominalmente incumbidas de “dar” educação aos brasileiros: professores, pedagogos, ministros, intelectuais e uma multidão de burocratas. Quando essas criaturas dizem que você tem direito à educação, estão apenas enunciando uma obrigação que incumbe a elas próprias. Por que, então, fazem disso uma campanha publicitária? Por que publicam anúncios que logicamente só devem ser lidos por elas mesmas? Será que até para se convencer das suas próprias obrigações elas têm de gastar dinheiro do governo? Ou são tão preguiçosas que precisam incitar a população para que as pressione a cumprir seu dever? Cada tostão gasto em campanhas desse tipo é um absurdo e um crime.

Mais ainda, a experiência universal dos educadores genuínos prova que o sujeito ativo do processo educacional é o estudante, não o professor, o diretor da escola ou toda a burocracia estatal reunida. Ninguém pode “dar” educação a ninguém. Educação é uma conquista pessoal, e só se obtém quando o impulso para ela é sincero, vem do fundo da alma e não de uma obrigação imposta de fora. Ninguém se educa contra a sua própria vontade, no mínimo porque estudar requer concentração, e pressão de fora é o contrário da concentração. O máximo que um estudante pode receber de fora são os meios e a oportunidade de educar-se. Mas isso não servirá para nada se ele não estiver motivado a buscar conhecimento. Gritar no ouvido dele que a educação é um direito seu só o impele a cobrar tudo dos outros – do Estado, da sociedade – e nada de si mesmo.

Se há uma coisa óbvia na cultura brasileira, é o desprezo pelo conhecimento e a concomitante veneração pelos títulos e diplomas que dão acesso aos bons empregos. Isso é uma constante que vem do tempo do Império e já foi abundantemente documentada na nossa literatura. Nessas condições, campanhas publicitárias que enfatizem a educação como um direito a ser cobrado e não como uma obrigação a ser cumprida pelo próprio destinatário da campanha têm um efeito corruptor quase tão grave quanto o do tráfico de drogas. Elas incitam as pessoas a esperar que o governo lhes dê a ferramenta mágica para subir na vida sem que isto implique, da parte delas, nenhum amor aos estudos, e sim apenas o desejo do diploma.

Olavo de Carvalho

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ore wa nihon-go no gakusei desu

Oh yeah! Com base no meu planejamento para 2009. Comecei o aprendizado de um terceiro idioma. Em vias de conclusão de curso, isso há de me dar um diferencial. Além de, é claro, me permitir conhecer mais e o melhor da cultura de um país, que é aquilo que geralmente não é traduzido por ser intrínseco ao povo, cultura, ritos, etc.

PS: O título está em japonês. Quer dizer "Eu sou estudante de japonês"

domingo, 18 de março de 2007

Sobre a existência

Neste momento, madrugada do domingo, após um sábado comum em que apenas toquei guitarra e violão, escutei boa música e dormi de forma satisfatória, vem-me à cabeça certas indagações e uma vontade imensa de falar sobre o ato de existir e mostrar que a vida tem sim um sentido, ainda que a filosofia venha a negá-lo, já que esta busca um sentido máximo, uma causa e uma finalidade que justifique a existência de todas as coisas, inclusive do ser humano. Sempre fui um individualista muito "ista", diria que hoje sou mais moderado, ainda que eu faça abordagens racionalizadas e pseudo-imparciais, estou em busca de novas sensações, contrariando todos os preceitos da racionalidade pura: atingir um nível tal de autosuficiência em que sentir não mais será necessário. Sempre fui tomado por insensível, arrogante, mesquinho, prepotente e hipócrita, ainda que as pessoas que me falaram isso viessem a demonstrar certa inveja... acredito que resultante da própria insatisfação existencial do homem. Pois bem, graças a essa mesma insatisfação é que procuro, tardiamente e talvez inutilmente, reverter essa situação. Ainda que eu goste da melancolia, ainda que eu aprecie meus momentos de solidão, não posso deixar de dizer que sou um admirador do conhecimento, seja ele empírico, filosófico, científico ou até mesmo teológico, quero dar um basta no autoconhecimento, já pratiquei e pratico-o até demais. Agora quero o conhecimento empírico, caótico e desorganizado como deve ser! Chega de ciência, chega de filosofia, chega de teologia, já tenho o alicerce para uma vida (Talvez esse comentário seja arrogante e prepotente), chegando inclusive a reflexões últimas, como a morte. Mas aí, entra a primeira indagação que eu disse que faria neste texto, e considero cômodo dizer o que eu pensava antes:

Viver é inútil, de que adianta tudo que construimos, tudo que aprendemos, tudo que fazemos, se no final, nada disso nos pertence de fato? Se no final, tudo isso fica, e nós vamos? Nota-se que a relação de pertinência, ao contrário do que um pensamento mais simplista e menos intrínseco filosoficamente poderia revelar, é que na realidade, nada nos pertence, somos nós que pertecemos aos objetos, e é por isso que nada nos fica, nada se leva dessa vida, a não ser o conhecimento.

Pois bem, o pequeno parágrafo acima é uma boa síntese do que eu pensava anteriormente, perceba: nada falo a respeito do até então pouco conhecido e ainda misterioso mundo das sensações, seja pela experimentação ou pela abstração pura. E sem mais enrolações, posso dizer de maneira satisfatória agora: a vida tem sentido, mas que se dane a filosofia, eu não preciso dela pra dar um sentido à vida e ter uma inegável concordância de que A VIDA NÃO TEM SENTIDO SEM A FELICIDADE.

E faz-se necessário para uma finalização mais sinestésica deste texto:

Sim, eles estavam certos
É possível a relação de pertinência em que o amor seja o possuído, quando ele transcende as leis da física e duas pessoas ficam juntas, reunidas numa pessoa só. Posso não levar os bens materiais, mas os intangíveis, ninguém será capaz de me tomar, não preciso de permissão e nem sou capaz de me proibir, no máximo inibir, mas essa, assim como a morte, é uma briga que sempre vou perder.

All you need is love... E eu continuarei a procurar, a esperar.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Sentir é descontrolar-se

Vive-se na ilusão de que somos capazes de nos controlar.
Se eu fosse capaz de fazê-lo, não deixaria transparecer o que sinto. E basta um momento de descontrole para que isso ocorra. Racionalidade e impulso, quem controla quem? Muitos me criticam por ser racional e individualista, e dizem que sou insensível, mas eu lamento por eles, não sabem o que estão falando. Ainda que alguns descontroles sejam bem legais (que comentário mais hedonista)... Sentir é descontrolar-se.

Como somos primitivos...

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Karl Marx e o Capitalismo

Tá aí um texto que não é de minha total autoria, mas é de minha completa orientação, feito por pessoas que não são e nem estão estudando para serem sociólogos, mas como a sociologia é uma ciência inerente de todo ser humano como estudioso de si mesmo enquanto um ser social... Então tá valendo.

Entender a sociedade contemporânea em suas relações sociais de grupos produtivos é uma das razões para estudar Karl Marx e ver como ele tratou o mundo que estava, naquele momento, sofrendo uma transformação nunca antes vista e com um dinamismo que viria a influenciar toda a sociedade, inicialmente no aspecto político e mais tarde, na perspectiva cultural. Marx criticou a estrutura social Capitalista, os modos de produção, as classes existentes e o próprio sistema econômico da sociedade em que ele estava inserido e como as relações entre o proletariado e os detentores dos meios de produção eram injustas e alienantes.


Mas o que é o Capitalismo? Está aqui um conceito muito bom:

Um processo ininterrupto de produção em massa, geração de lucro e acúmulo de capital. Nesse sistema, a produção e a distribuição de riquezas são regidas pelo mercado, no qual, em tese, os preços são determinados pelo livre jogo da oferta e da procura, pressupondo que essas variáveis por si só se equilibrariam. O capitalista compra a força de trabalho de terceiros para produzir bens, que após serem vendidos, lhe permitem recuperar o capital investido e obter um excedente denominado lucro.


No Entanto, Marx propôs um alternativa para substituir o capitalismo. O sistema capitalista não garante meios de subsistência a todos os membros da sociedade, pelo contrário, é condição do sistema a existência de uma massa e trabalhadores desempregados, que Marx chamou de “Exército industrial de reserva”, pelo fato de existir uma concorrência, mão-de-obra barata e de não haver um emprego garantido e nem leis trabalhistas por parte do Estado, já que este é liberal. E graças a esses fatores Marx afirmou que o Capitalismo é selvagem, disputado, tem mão-de-obra barata e funciona por meio de alienação.


Aqui entra textos de minha autoria em que eu destaco as formas de alienações existentes no capitalismo, embasados no próprio Marx, mas também no livro "O que é ideologia" da coleção primeiros passos:

Especialização

Com a produção padronizada e em larga escala, torna-se necessário a divisão de funções entre todos que fazem parte do processo produtivo para se ter um maior dinamismo e uma qualidade constante no produto final. A longo prazo, a repetição de uma função pode alienar o profissional e torná-lo incapaz de desempenhar qualquer outra atividade justamente por já estar condicionado a algo tão específico que o empregado passa a acreditar que só pode desempenhar um único papel. Isso o faz fechar a cabeça para qualquer outro cargo que lhe seja conferido e até mesmo em seus momentos de lazer, ele fará algo semelhante ao que faz em sua vida profissional.


Salário e Carga horária

Diante de um Estado liberal, os trabalhadores se viam nas maiores adversidades possíveis: pouca segurança no ambiente de trabalho, jornadas longas e desgastantes e um salário insignificante que mal garantia a sobrevivência do operário. Com a necessidade extrema de sobreviver e a pouca demanda de empregos, o trabalhador que conseguisse se empregar, submetia-se a essas condições sem questionar se eram injustas ou não, até mesmo porque uma reflexão pressupõe que o assunto seja abordado de mais de uma perspectiva, coisa que não era possível para o assalariado.


Expropriação do bem produzido

Enquanto as alienações promovidas pela especialização, pelo salário e pela carga horária assumem aspectos econômicos e políticos, esta próxima é o que pode se chamar de alienação filosófica. Antes da produção especializada, predominava o método artesanal de produção em que o trabalhador participava de todos as etapas, adicionando parte de sua própria identidade no bem produzido. No capitalismo, isso inexiste, já que o trabalhador participa apenas de uma parte do processo, interagindo com peças prontas e que representam apenas uma parte do bem final.


Fetiche da Mercadoria

Ocorre quando visualizamos apenas o bem final pronto e não consideramos todas as suas etapas de produção, ou seja, consideramos que apenas o bem final tem valor e esse valor é dele por si só, quando na verdade existe o valor agregado desde a matéria-prima até a mão-de-obra empregada na produção.


Agora uma conclusão, um tanto simplista e pouco abrangente, é verdade, mas se formos falar de Marx como ele merece, o server do blogger não aguenta.

Marx não imaginou que o Capitalismo chegaria ao ponto de se tornar necessário a criação de políticas sociais, pois a população estava tão empobrecida que qualquer sistema econômico seria insustentável, principalmente se esse sistema tiver por pressuposto básico o consumismo, caso contrário, não há sentido em se produzir excedentes e buscar lucro.
Ele também não imaginou o avanço tecnológico vencendo as barreiras do espaço e do tempo e dinamizando ainda mais as relações do homem com ele mesmo e com a natureza. No mundo globalizado, países se organizaram em blocos econômicos e já se fala de novas formas de desenvolvimento, devido à grande exploração da natureza graças às ambições capitalistas do mundo globalizado, que nada mais do que um mundo tomado pelo capitalismo.
Muitos se perguntam: “As teorias de Marx são válidas até hoje?”. E a resposta é mais simples do que parece, apesar de não ser tão óbvia assim: Enquanto houver luta de classes devido à desigualdade gerada por fatores econômicos e/ou sociais será necessário lembrar que “A história da humanidade é a história da luta de classes”.



Só pra deixar claro: eu apoio o desenvolvimento sustentável, e já pensava assim antes de alguém chegar com essa nomenclatura específica, não é a toa que eu faço contabilidade (entenda-se, um dos princípios contábeis é ter uma visão conservadora, para que fatos indesejáveis não venham acabar com toda a perspectiva de futuro).

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Quem vê cara... vê cara.


Um texto que escrevi há muito tempo atrás quando tava de bobeira, infelizmente perdi o arquivo original, mas achei a folha dele aqui comigo e dei uma scanneada, confiram aí
hum...